domingo, 6 de abril de 2014

O Novo Acordo Ortográfico e o furor geral

Olá, gente!
Minha postagem hoje vai ser sobre o Novo Acordo Ortográfico, tentando tirar um pouco das dúvidas e dos "mistérios" que o rodeiam.
Para começar, falarei um pouco sobre a história do acordo e as razões apresentadas para fazê-lo. Depois, entrarei em detalhes sobre as regras que mais geram dúvidas, como a dos acentos e do uso do hífen. Espero que seja útil.

O Novo Acordo Ortográfico, redigido em 1990, é uma tentativa de unificar a escrita nos países lusófonos (aqueles que utilizam a Língua Portuguesa como língua oficial). Várias vezes tentou-se firmá-lo, sem, contudo, obter sucesso, por uma regra que declarava ser necessária a adesão de todos os países. Em 2004, percebendo que não seria possível obter a assinatura de todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CLPL), decidiu-se que seria necessária a assinatura de apenas três países pertencentes à CLPL para que ele entrasse em vigor. E assim foi feito, tendo sido o Brasil o primeiro país a assinar, ainda em 2004. O Acordo entrou em vigor em 2009 no Brasil e em Portugal, tendo sido estabelecido um período de transição, em que ambas as normas ortográficas valeriam, tanto a antiga quanto a nova. Em 28 de dezembro 2012, quatro dias antes de começar a valer o Novo Acordo, o governo brasileiro adiou por mais três anos o início da obrigatoriedade de seu uso, transferindo-o para 2016. Até lá, seguirão coexistindo ambas as normas ortográficas. Porém, é importante deixar claro: em uma redação, por exemplo, caso seja feita a opção por utilizar a antiga norma, esta deverá ser seguida até o final, em todos os detalhes; o mesmo vale para quem opta por utilizar a nova. Por isso, é importante conhecer desde já o que é alterado pelo Novo Acordo, para que não haja confusão na hora de redigir um texto.

Algumas regras são básicas e todos nós já entendemos. Por exemplo: todos já sabemos que o trema foi de vez abolido da escrita, e que agora o nosso alfabeto conta oficialmente com a presença de mais três letras (K, W e Y). Porém, algumas regras são mesmo complicadas e excessivamente detalhadas. Abordarei aqui as novas regras de acentuação e uso do hífen, baseada nas explicações do professor Douglas Tufano (caso desejem ler o texto na íntegra, cliquem aqui).

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais acento nos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). 

Como era                                        Como fica
Assembléia                                       Assembleia
colméia                                             colmeia
idéia                                                 ideia
heróico                                             heroico

2. Nas palavras paroxítonas, não mais se acentua o i ou o u tônicos precedidos por um ditongo.

Como era                                       Como fica
bocaiúva                                          bocaiuva
feiúra                                               feiura

3. Não deve-se usar mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era                                      Como fica
crêem                                             creem
vôo                                                 voo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava pára e para, péla(s) e pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era                                     Como fica
Ele pára o carro.                            Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte.                    Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo.                 Ele gosta de jogar polo.

Atenção: 
- Permanece o acento diferencial em pôde (3ª pessoa do singular do verbo poder no pretérito perfeito do indicativo) e pode (3ª pessoa do singular do verbo poder no presente do indicativo).
- Permanece o acento diferencial em pôr (verbo) e por (preposição).
- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como o de seus derivados.
- É facultativo o acento circunflexo para diferenciar forma e fôrma, mas deve-se lembrar que seu uso pode clarear o sentido da frase muitas das vezes. (Qual é a forma da fôrma de bolo?)

5. Não se usa mais acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir. São possíveis duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, presente do subjuntivo e imperativo em verbos como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir.

    a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, devem ser acentuadas. Exemplos:
        enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.

        delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delíquam.
    b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. 
         enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
         delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Uso do hífen

Regra básica
- Com prefixos, usa-se o hífen diante de palavras iniciadas por h
anti-higiênico, sobre-humano, super-homem

Outros casos
1. Prefixos terminados em vogal
- Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
- Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.
- Diante de r e s, não se usa hífen e deve-se dobrar essas letras: antirracismo, antissocial.
- Diante de vogal igual à última do prefixo, usa-se hífen: conta-ataque, micro-ondas.

2. Prefixos terminados em consoante
- Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
- Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
- Com hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-
-navegação, pan-americano.
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo que inicie por o: coordenar, cooperação.
4. Não se deve usar o hífen em palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas.
5. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu, vice-rei.
6. Não existe hífen nas palavras compostas que têm entre elas um elemento de ligação: dia a dia, não me toques, ponto e vírgula, passo a passo... (Veja aqui outros exemplos e as exceções a essa regra)


Espero que essa explicação lhes tenha sido útil. Caso tenha restado alguma dúvida, perguntem-me e eu pesquisarei para trazer a vocês a resposta.
Até a próxima, pessoal!

3 comentários:

  1. Nossa, acho que vou ter ao meu lado o exemplar da reforma ortográfica, sempre que for escrever.
    Haja memória!

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    1. hahahahahaha fica muito complicado gravar isso tudo. Não tem jeito, quem passou a vida inteira na norma antiga vai precisar consultar o Novo Acordo o tempo todo.

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  2. coitadinho de eu...kkkkk,vou escrever em chines

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