sábado, 11 de outubro de 2014

Quatro porquês? Por quê? Por que tanta regra? Porque sim.

Oi, gente!

Confesso que sumi por um longo tempo e peço perdão por isso. Tudo culpa da faculdade.
Para a postagem de hoje, vou remeter vocês ao primário. Lembram de como eram as provas? De quando aparecia "por que", "porque" ou "por quê"? Se você não lembra das regras, agora vai finalmente entender o porquê de cada um aparecer em um tipo de frase (opa, mais uma forma de "porquê" aqui!) e qual é a diferença entre eles. Vamos, então, entender esses quatro porquês e possibilitar o fim das confusões.

- Por que
Ele pode ser:
  • A junção da preposição por com o pronome interrogativo ou indefinido que, significando "por qual razão" ou "por qual motivo". Voltando às provas do primário, este era o "por que" que geralmente aparecia nas perguntas.

Exemplos: Por que você se foi?
                  Não sei por que você se foi.
  • A junção da preposição por com o pronome relativo que, significando "pelo qual" e sendo flexionável (pela qual, pelos quais, pelas quais).

Exemplo: O time por que torço venceu o jogo de ontem à noite.

- Por quê
Deve-se acentuar o "por quê" quando ele vier ao final da frase, mantendo o significado de "por qual motivo" ou "por qual razão". Se vocês buscarem bem na memória, vão lembrar que algumas questões tinham duas perguntas, sendo a segunda um "Por quê". Ele vinha escrito desta forma justamente por ser o final da frase.
Exemplo: Você não participou da dança? Por quê?

- Porque
Permanecendo no campo semântico das provas do primário, esse era o "porque" que a gente escrevia nas respostas. É, portanto, uma conjunção causal ou explicativa, tendo o mesmo significado de "pois", "uma vez que", "para que".
Exemplo: Não fui ao show porque precisava estudar para a prova.

- Porquê
Este é, provavelmente, o que a gente menos sabe usar. Mas não é difícil de aprender, não. Este "porquê" é um substantivo, significa "o motivo", "a razão", e vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.  
Exemplos: Este é o porquê de eu não ter ido à festa.
                  Existem quatro porquês na Língua Portuguesa.


Dúvidas? Sugestões? Perguntas? Já sabem, podem entrar em contato através do e-mail yasminbc16@gmail.com

Espero ter sido útil.
Até a próxima!

terça-feira, 15 de julho de 2014

Análise Semântica

Olá, pessoal!
O assunto da postagem de hoje é na verdade mais fácil do que se pensa. Eu ia já começar a tratar das classes gramaticais e a análise sintática, mas decidi que é melhor começar pela semântica.
Primeiramente, deve-se saber que semântica é o estudo do significado, que incide sobre relação entre significantes (palavras, frases, sinais e símbolos) e o que eles representam.
Antes de começar qualquer estudo mais aprofundado, precisamos definir aqui as duas formas em que uma palavra pode se apresentar dentro do texto: no sentido denotativo ou no sentido conotativo. Essas duas possibilidades estão diretamente ligadas com o sentido que a palavra pode adquirir de acordo com seu emprego, a saber:

- Denotação: é o uso da palavra em seu sentido original, básico, objetivo, na exata forma como é retratada pelos dicionários.
Exemplo: Aquele muro foi construído com pedras.

- Conotação: é o uso da palavra em sentido figurado, dependente do contexto em que ela se apresenta. A conotação é muito usada na linguagem poética e também na nossa fala cotidiana, por toda a expressividade que carrega.
Exemplo: Você tem um coração de pedra.

Para tratar do aspecto semântico da língua, são levadas em conta as seguintes propriedades:

- Sinonímia: é a divisão da semântica que estuda as palavras com significados iguais ou semelhantes, ou seja, os sinônimos.
Exemplo: casa - lar - moradia - residência

- Antonímia: essa divisão estuda as palavras com sentidos opostos, ou seja, os antônimos.
Exemplo: mal / bem ; mau / bom

- Polissemia: é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar múltiplos significados, identificados de acordo com os variados contextos em que aparecem.
Exemplo: manga (da camisa; fruta)

- Homonímia: relação entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são idênticas na escrita, na pronúncia, ou na escrita e na pronúncia, dividindo-se da seguinte forma:
Homônimos Homógrafos: palavras diferentes na pronúncia e iguais na escrita.
Exemplo: gosto (substantivo) / gosto (1ª pessoa do singular no presente do indicativo do verbo gostar)

Homônimos Homófonos: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita.
Exemplo: acento (sinal gráfico) / assento (local onde se senta)

Homônimos Perfeitos: palavras iguais na pronúncia e na escrita.
Exemplo: verão (verbo) / verão (substantivo)

- Paronímia: relação entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na escrita e na pronúncia.
Exemplo: cavaleiro (que cavalga) / cavalheiro (homem)

Caso tenham curiosidade, vocês podem clicar aqui para mais exemplos de homônimos, e aqui para conhecer outros parônimos.

Além dos supracitados, a semântica moderna faz uso dos termos hiperônimo e hipônimo, que são importantes recursos na coesão do texto, evitando a repetição de palavras. São explicados da seguinte maneira:

- Hiperônimo: palavra que pertence ao mesmo campo semântico de outra palavra, mas com um sentido mais abrangente.
Exemplo: Flor é um hiperônimo para rosa, margarida, jasmim, e outras.

- Hipônimo: tem um sentido mais restrito que o hiperônimo, ou seja, é um vocábulo mais específico.
Exemplo: Gripe é um hipônimo de doença.


Sinto-me na obrigação de, ao final das postagens, dizer a vocês em quais páginas me apoiei para redigir a explicação. Então, hoje os sites que mais me ajudaram foram este (que, aliás, já é de praxe), e este aqui.
Por hoje é só, pessoal. Em caso de dúvidas, perguntem e eu tento ajudá-los.
Beijos da Meens.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Figuras de Linguagem

Olá!
Após mais uma incrível demora (pela qual eu mais uma vez me desculpo), venho hoje lhes falar sobre as figuras de linguagem (que podem ser figuras de som, de construção, de pensamento ou de palavras). Mas, afinal, o que são essas figuras?
As figuras de linguagem são recursos utilizados pelos falantes da língua para garantir uma maior expressividade à mensagem que se deseja transmitir. Muitas vezes fazemos uso delas em conversas do dia a dia, sem sequer nos darmos conta disso. Abaixo, apresentarei cada uma delas, seguida sempre por um exemplo.

Figuras de Som

- Aliteração: consiste na repetição de sons consonantais com a intenção de intensificar o ritmo ou produzir um efeito sonoro significativo.
Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.

- Assonância: consiste na repetição de sons vocálicos idênticos.
Exemplo: "Sou um mulato nato no sentido lato
                 Mulato democrático do litoral" (Caetano Veloso)

- Paronomásia: consiste na repetição de sons semelhantes em palavras com significados distintos.
Exemplo: "Eu que passo, penso e peço." (Sidney Miller)

- Onomatopeia: consiste na tentativa de reproduzir sons reais na forma de palavras.
Exemplo: Tic-tac fazia o relógio na sala de jantar.

Figuras de Construção

- Elipse: é a omissão de um ou mais termos da oração que podem ser facilmente identificados, tanto por outros elementos da oração, quanto pelo contexto.
Exemplo: Tenho quatro irmãos e amo todos da mesma maneira. (As desinências verbais de tenho e amo nos permitem identificar o sujeito "eu" em elipse.)

- Zeugma: é uma forma de elipse em que se omite um termo que já foi mencionado anteriormente.
Exemplo: Ela prefere cinema; eu, teatro. (Omissão de prefiro.)

- Silepse: é a chamada concordância ideológica, ou seja, ocorre quando concordamos não com um termo expresso na oração, mas sim com algum termo subentendido. Existem três formas de silepse: de gênero, de número e de pessoa.
     
1) Silepse de gênero: os gêneros são o masculino e o feminino. Esta forma de silepse ocorre quando concordamos com a ideia que o termo traz.
Exemplo: Vossa Excelência está preocupado. (Nesse caso, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, em vez de concordar com o termo expresso Vossa Excelência.)

2) Silepse de número: os números são o singular e o plural. Esta forma de silepse ocorre quando não concordamos gramaticalmente o verbo com o sujeito da oração, mas sim com a ideia contida nele.
Exemplo: O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. (Note que o sujeito [povo] se encontra no singular, assim como o primeiro verbo, mas o verbo gritavam se encontra no plural, concordando com a ideia trazida pela palavra povo, e não com sua forma.)

3) Silepse de pessoa: são três as pessoas gramaticais: primeira (eu / nós), segunda (tu / vós) e terceira   (ele / ela / eles / elas). A silepse de pessoa ocorre quando o verbo não concorda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa inscrita nele.
Exemplo: "Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos." (Machado de Assis)
(O verbo somos não concorda com o sujeito os cariocas, mas sim com a ideia de que o autor se insere na ideia trazida no sujeito; ou seja, ele também é carioca, e, por isso, em vez de concordar o verbo com o sujeito, colocando-o na terceira pessoa, coloca na primeira e explicita a ideia de estar dentro do grupo citado.)

- Polissíndeto: para entender esta figura, primeiramente deve-se saber que nos períodos compostos por coordenação (farei em breve uma postagem para explicá-los), podemos ter ou não a presença de conectivos, podendo então classificar os períodos entre sindéticos (com conectivos) ou assindéticos (sem conectivos). O polissíndeto é, portanto, caracterizado pela repetição enfática de conectivos.
Exemplo: "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

- Assíndeto: é uma figura caracterizada pela ausência de conectivos entre as orações.
Exemplo: "Vim, vi, venci." (Júlio César)

- Pleonasmo: ao contrário do que se pensa, o pleonasmo não é um erro. Ele é comumente utilizado, inclusive por grandes escritores, e tem a intenção de realçar uma ideia e torná-la mais expressiva, podendo, para isso, usar palavras do mesmo campo semântico ou termos que tenham a mesma função sintática de um outro termo presente anteriormente na oração (ao que se dá o nome de pleonasmo sintático). Devemos ser cautelosos, sim, com o pleonasmo vicioso, pois este é desnecessário (casos como "subir para cima" ou "descer para baixo").
Exemplos: O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. (Nesta oração, "o problema da violência" e "-lo" exercem a mesma função sintática [objeto direto], e, portanto, caracterizam um pleonasmo.)
                 "E rir meu riso" (Vinícius de Moraes)

- Anáfora: é a repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases, gerando um efeito de reforço e coerência.
Exemplo: "Amor é um fogo que arde sem se ver;
                  É ferida que dói e não se sente;
                  É um contentamento descontente;
                  É dor que desatina sem doer." (Luís Vaz de Camões)

- Anacoluto: é uma figura que se caracteriza por uma ruptura na estrutura frasal. Inicialmente se escolhe uma construção, mas depois se opta por outra, e um termo acaba por ficar solto na frase.
Exemplo: Os alunos da escola, não se pode duvidar deles. (Note que o termo "os alunos da escola" seria inicialmente o sujeito da oração; no entanto, devido a uma interrupção no meio da frase, essa expressão fica à parte e não exerce função sintática alguma.)

- Hipérbato: é a inversão da ordem direta dos termos da oração (sujeito + verbo + complementos + adjunto). É uma forma mais dramática e poética de apresentar a frase.
Exemplo: "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
                  De um povo heroico o brado retumbante" (Joaquim Osório Duque Estrada)
(Na ordem direta, ficaria da seguinte forma: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.)

Figuras de Pensamento

- Antítese: consiste na aproximação de duas palavras opostas, realçando um contraste entre seus sentidos que não seria conseguido se elas fossem postas separadamente.
Exemplo: "Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores." (Castro Alves)

- Paradoxo: é também caracterizado pela aproximação de ideias opostas, mas, nesse caso, o uso é tão absurdo que se torna contraditório.
Exemplo: "Estou cego e vejo
                  Arranco os olhos e vejo." (Carlos Drummond de Andrade)

- Eufemismo: é um recurso utilizado para comunicar informações desagradáveis através de expressões mais suaves.
Exemplo: Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu)
(Obs: Para a mesma frase supracitada, poderia também apresentar um tom sarcástico, irreverente, por meio de expressões como "bateu as botas", com a figura que chamamos de Disfemismo.)

- Ironia: com o desejo de se obter um efeito crítico ou humorístico, a ironia é a utilização de um termo com o sentido oposto ao que se deseja transmitir, ou seja, é você utilizar uma palavra com a intenção de que ela soe exatamente o contrário do que a palavra usualmente comunica.
Exemplo: "A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças." (Monteiro Lobato)

- Hipérbole: é o uso proposital de uma expressão exagerada com o intuito de se enfatizar a ideia transmitida.
Exemplo: Estou morrendo de sede.

- Prosopopeia ou personificação: é caracterizada pela atribuição de características ou ações de seres animados a seres inanimados, ou características humanas a seres não humanos.
Exemplo: "O cipreste inclina-se em fina reverência
                e as margaridas estremecem, sobressaltadas." (Cecília Meireles)

- Apóstrofe: consiste na invocação enfaticamente de alguém ou alguma coisa personificada. Realiza-se por meio do vocativo e com finalidade poética, sagrada ou profana.
Exemplo: "Senhor Deus dos desgraçados!
                  Dizei-me vós, Senhor Deus!" (Castro Alves)

- Gradação: é a apresentação de ideias em progressão crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax).
Exemplo: "O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira)

Figuras de Palavras

- Comparação ou símile: é estabelecida uma relação de semelhança explicitamente, ou seja, que se mostra através do uso de partículas comparativas.
Exemplo: "Meu coração tombou na vida
                  tal qual uma estrela ferida
                  pela flecha de um caçador." (Cecília Meireles)

- Metáfora:  é uma comparação que se estabelece sem que o conectivo de comparação esteja presente, isto é, uma relação de semelhança estabelecida mais no plano ideológico que no verbal. Características dos termos que se compara fazem com que o autor da comparação os ache semelhantes e dignos de uma construção metafórica.
Exemplo: "Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa)

- Metonímia: consiste em empregar um termo em lugar de outro, havendo entre eles uma estreita relação de sentido ou afinidade. Pode ocorrer de 14 formas diferentes, que estão listadas aqui, caso interesse a vocês dar uma olhada para entender melhor. Não coloco as 14 aqui porque tornaria a postagem ainda mais extensa. Colocarei aqui dois exemplos que sintetizam bem o sentido da metonímia.
Exemplos: Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (A obra literária de Machado de Assis)
                  Continente pelo conteúdo: Comeu dois pratos no almoço. (A comida que estava no prato)

- Catacrese: é, na verdade, uma metáfora cristalizada. Ocorre quando não possuímos um termo específico para designar determinada coisa, e acabamos por tomar outro desempregado e formar uma metáfora. Porém, devido ao uso contínuo e à popularidade do termo, não mais se percebe a presença da metáfora.
Exemplo: céu da boca /  da mesa / asa da xícara

- Perífrase: trata-se de uma expressão que designa um ser através de uma característica, atributo ou fato que o tornou famoso.
Exemplo: A Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro) ainda atrai milhares de turistas.

- Antonomásia: é uma perífrase que se refere especificamente a pessoas.
Exemplo: O Poeta dos Escravos (Castro Alves) morreu muito jovem.

- Sinestesia: consiste em mesclar, em uma mesma expressão, sensações que são percebidas por diferentes órgãos sensoriais.
Exemplo: No silêncio escuro de seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = percebido com a audição; escuro = percebido com a visão)


Espero que essas postagens lhes tenha sido útil. Para maiores informações, coloco aqui os sites que usei como base, que foram esse e esse (ambos dizem coisas bem semelhantes, mas coloco aqui inclusive para que vocês saibam o que usei como base para a postagem).
Se houver ainda alguma dúvida ou alguma coisa mal explicada, me comuniquem, que imediatamente tentarei mudar a forma de explicar, de forma que a informação atinja a todos igualmente.

Até a próxima.

domingo, 18 de maio de 2014

O uso da vírgula

Olá!
Depois de um enorme tempo sem conseguir vir aqui escrever nada, cá estou eu. Peço-lhes desculpa pela demora.
Recentemente uma amiga me pediu que fizesse uma matéria sobre o uso da vírgula. Disse a ela que eu precisaria estudar mais profundamente o assunto, porque tende a ser um pouco vago. A vírgula, na verdade, boa parte das vezes acaba por ser questão de estilo. Salvo os casos em que faz-se obrigatória, o próprio autor do texto pode optar por colocá-la ou não. O importante é respeitar as regras que as obrigam ou as proíbem, e são essas as regras que serão abordadas abaixo. Espero que sejam úteis. Para redigir o texto, usei como base esta página.

A vírgula deve ser usada nos seguintes casos:

1) Para separar topônimos (nomes de lugar) e datas:
       Ex: Rio de Janeiro, 10 de maio de 2014.

2) Isolar orações coordenadas assindéticas (as que não são separadas por conectivos):
       Ex: Chegando ao colégio, Maria entrou na sala, sentou-se na primeira cadeira, esperando pelo começo da aula.

3) Isolar orações coordenadas sindéticas iniciadas por conjunções adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas:
       Exs: 
Gostaria de ir à sua festa, porém estarei ocupada nesse dia. (Adversativa)
A menina estava confusa: ora achava que deveria se desculpar, ora achava desnecessário. (Alternativa)
Estudei o final de semana para esta prova; logo, tirarei uma boa nota. (Conclusiva)
Não me ligue pela tarde, pois estarei em reunião. (Explicativa)

4) Isolar expressões explicativas, corretivas ou continuativas (isto é, por exemplo, ou seja, aliás, etc.):
       Ex: Eu também sairei cedo, ou seja, não haverá ninguém em casa.

5) Separar apostos e vocativos em uma oração:
       Exs:
Beatriz, que é minha amiga, estará presente na festa.
João, preste atenção no que estou lhe dizendo.

6) Separar um adjunto adverbial, antecipado ou intercalado entre o discurso:
       Exs: 
No ano passado, manifestações ocorreram por todo o país.
Estávamos andando pela rua e, repentinamente, começou a chover.

7) Isolar orações intercaladas:
      Ex: Tomemos, pois, uma decisão a respeito deste assunto.

8) Isolar um complemento pleonástico (aquele que é repetido na frase por meio de um pronome):
      Ex: Aos insensíveis, por que não ignorá-los?

9) Indicar a supressão de um verbo na oração:
      Ex: Eu fui ao shopping; Victor, ao mercado.
("Fui" está subentendido na segunda oração, apesar de não estar expresso. Este é um excelente recurso de coesão.)

10) Separar termos coordenados na oração:
       Ex: Essa semana eu estudei Matemática, Geografia, Física, Química e Língua Portuguesa.

11) Separar orações subordinadas adjetivas explicativas:
       Ex: Santos Dumont, que é considerado o pai da aviação, foi o inventor do 14 Bis. 

12) Separar orações adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), sobretudo quando se antepõem à oração principal.
       Exs:
Ao chegar à escola, corri para falar com meus amigos.            [reduzida]
Quando cheguei à escola, corri para falar com meus amigos.   [desenvolvida]

A vírgula não deve ser usada nos seguintes casos:

1) Separando o sujeito do verbo:
      Ex: Santos Dumont | é considerado o pai da aviação.
               sujeito                    predicado

2) Entre o verbo e seus complementos (objeto direto e indireto), mesmo que o objeto indireto se anteponha ao direto:
      Ex: Dei | à minha mãe | um livro.
                    obj. indireto   obj. direto

3) Entre o nome e o adjunto adnominal ou complemento nominal:
      Exs:
Dom Casmurro é meu livro | de cabeceira.
                                           adj. adnominal
Eu tenho medo de escuro.
                         complemento nominal

4) Entre a oração subordinada substantiva e a principal:
       Ex: Seu maior sonho | era que o mundo encontrasse a paz.
            Oração Principal       Oração Subordinada Substantiva Predicativa



Espero que as dicas tenham sido úteis. Qualquer dúvida, vocês já sabem o que fazer.
Até a próxima!

domingo, 6 de abril de 2014

O Novo Acordo Ortográfico e o furor geral

Olá, gente!
Minha postagem hoje vai ser sobre o Novo Acordo Ortográfico, tentando tirar um pouco das dúvidas e dos "mistérios" que o rodeiam.
Para começar, falarei um pouco sobre a história do acordo e as razões apresentadas para fazê-lo. Depois, entrarei em detalhes sobre as regras que mais geram dúvidas, como a dos acentos e do uso do hífen. Espero que seja útil.

O Novo Acordo Ortográfico, redigido em 1990, é uma tentativa de unificar a escrita nos países lusófonos (aqueles que utilizam a Língua Portuguesa como língua oficial). Várias vezes tentou-se firmá-lo, sem, contudo, obter sucesso, por uma regra que declarava ser necessária a adesão de todos os países. Em 2004, percebendo que não seria possível obter a assinatura de todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CLPL), decidiu-se que seria necessária a assinatura de apenas três países pertencentes à CLPL para que ele entrasse em vigor. E assim foi feito, tendo sido o Brasil o primeiro país a assinar, ainda em 2004. O Acordo entrou em vigor em 2009 no Brasil e em Portugal, tendo sido estabelecido um período de transição, em que ambas as normas ortográficas valeriam, tanto a antiga quanto a nova. Em 28 de dezembro 2012, quatro dias antes de começar a valer o Novo Acordo, o governo brasileiro adiou por mais três anos o início da obrigatoriedade de seu uso, transferindo-o para 2016. Até lá, seguirão coexistindo ambas as normas ortográficas. Porém, é importante deixar claro: em uma redação, por exemplo, caso seja feita a opção por utilizar a antiga norma, esta deverá ser seguida até o final, em todos os detalhes; o mesmo vale para quem opta por utilizar a nova. Por isso, é importante conhecer desde já o que é alterado pelo Novo Acordo, para que não haja confusão na hora de redigir um texto.

Algumas regras são básicas e todos nós já entendemos. Por exemplo: todos já sabemos que o trema foi de vez abolido da escrita, e que agora o nosso alfabeto conta oficialmente com a presença de mais três letras (K, W e Y). Porém, algumas regras são mesmo complicadas e excessivamente detalhadas. Abordarei aqui as novas regras de acentuação e uso do hífen, baseada nas explicações do professor Douglas Tufano (caso desejem ler o texto na íntegra, cliquem aqui).

Mudanças nas regras de acentuação

1. Não se usa mais acento nos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba). 

Como era                                        Como fica
Assembléia                                       Assembleia
colméia                                             colmeia
idéia                                                 ideia
heróico                                             heroico

2. Nas palavras paroxítonas, não mais se acentua o i ou o u tônicos precedidos por um ditongo.

Como era                                       Como fica
bocaiúva                                          bocaiuva
feiúra                                               feiura

3. Não deve-se usar mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

Como era                                      Como fica
crêem                                             creem
vôo                                                 voo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava pára e para, péla(s) e pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era                                     Como fica
Ele pára o carro.                            Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte.                    Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo.                 Ele gosta de jogar polo.

Atenção: 
- Permanece o acento diferencial em pôde (3ª pessoa do singular do verbo poder no pretérito perfeito do indicativo) e pode (3ª pessoa do singular do verbo poder no presente do indicativo).
- Permanece o acento diferencial em pôr (verbo) e por (preposição).
- Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como o de seus derivados.
- É facultativo o acento circunflexo para diferenciar forma e fôrma, mas deve-se lembrar que seu uso pode clarear o sentido da frase muitas das vezes. (Qual é a forma da fôrma de bolo?)

5. Não se usa mais acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir. São possíveis duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, presente do subjuntivo e imperativo em verbos como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir.

    a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, devem ser acentuadas. Exemplos:
        enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.

        delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delíquam.
    b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. 
         enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
         delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Uso do hífen

Regra básica
- Com prefixos, usa-se o hífen diante de palavras iniciadas por h
anti-higiênico, sobre-humano, super-homem

Outros casos
1. Prefixos terminados em vogal
- Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
- Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.
- Diante de r e s, não se usa hífen e deve-se dobrar essas letras: antirracismo, antissocial.
- Diante de vogal igual à última do prefixo, usa-se hífen: conta-ataque, micro-ondas.

2. Prefixos terminados em consoante
- Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
- Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
- Com hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-
-navegação, pan-americano.
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo que inicie por o: coordenar, cooperação.
4. Não se deve usar o hífen em palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas.
5. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu, vice-rei.
6. Não existe hífen nas palavras compostas que têm entre elas um elemento de ligação: dia a dia, não me toques, ponto e vírgula, passo a passo... (Veja aqui outros exemplos e as exceções a essa regra)


Espero que essa explicação lhes tenha sido útil. Caso tenha restado alguma dúvida, perguntem-me e eu pesquisarei para trazer a vocês a resposta.
Até a próxima, pessoal!

domingo, 23 de março de 2014

Crase e a dificuldade que na verdade nem existe

Olá!
Passei uma semana protelando, mas finalmente venho aqui, desta vez para falar sobre o uso da tão odiada crase.
Primeiramente, gostaria de dizer que, ao contrário do que todos pensam, não é tão difícil assim saber as ocasiões em que se deve empregá-la. Na verdade, o caso geral é bem fácil, e partindo dele você já é capaz de acertar 99% das vezes. Só se torna mais difícil de saber quando é em uma expressão específica, mas também não é o fim do mundo.

Crase é uma palavra grega que significa "fusão", o que já explica de que se trata o fenômeno, que nada mais é do que a junção de duas vogais idênticas em uma só. Esse fenômeno é marcado pelo uso do acento grave ( ` ), erradamente chamado de crase. Então, lembre-se disto: crase é o nome do fenômeno; o acento utilizado se chama acento grave.
A crase ocorre quando a preposição "a" é sucedida por outro "a", podendo ser este um artigo definido, um pronome demonstrativo (caso você não soubesse que isso era possível, leia aqui), a letra inicial de pronomes demonstrativos, como ocorre em "aquele (s)", "aquela (s)", "aquilo", ou a letra inicial do pronome relativo "a (s) qual (is)".
A regra diz que, para saber aplicar corretamente esse fenômeno, é necessário conhecer a regência verbal e nominal, para que se saiba exatamente quando há e quando não há o uso da preposição "a". Mas há uma forma bem prática de verificar isso, sem passar a vida tentando decorar todos os verbos que são transitivos indiretos, e, dentre esses, quais exigem o uso de tal preposição. Veja:

Cheguei ao apartamento de Maria.

No caso acima, temos "apartamento", que é um substantivo masculino. E, acompanhando o verbo "chegar", temos a preposição "a" e o artigo definido masculino "o". O que acontece aqui é o mesmo que acontece no fenômeno da crase, mas, como são duas letras diferentes, elas são unidas, formando uma só palavra ("ao"). Agora veja:

Cheguei à casa de Maria.

Diferentemente do caso anterior, agora temos o substantivo feminino "casa". Assim sendo, a união é feita entre a preposição "a" e o artigo "a", como marca o acento grave. Se não houvesse a crase, a frase ficaria: "Cheguei a a casa de Maria", fazendo uma repetição desnecessária.
Agora tomemos outro caso como exemplo:

Conheço o aluno que entrou em sala agora.

Nesse caso, "conhecer", que é um verbo transitivo direto, não pede a preposição acompanhando-o. Assim sendo, ao passar para o feminino, a frase seria:

Conheço a aluna que entrou em sala agora.

Assim mesmo, só o artigo, sem a preposição (logo, sem o acento grave).
Essa dica de mudar do feminino para o masculino já resolve boa parte das dúvidas quanto ao uso ou não uso do acento grave. Porém, há um outro caso que gera inúmeras dúvidas: quando se trata de um lugar, devo ou não usar o acento grave? Para essa dúvida, aprendi uma regrinha boba em 2007 lendo uma dessas revistas pré-adolescentes (e quem disse que elas não podem ser úteis de vez em quando?) e que uso até hoje. A regrinha consiste em:

"Se vou à e volto da, então crase há.
 Se vou a e volto de, crase pra quê?"

Assim sendo:

Vou à Bahia. (Porque "Volto da Bahia.")
Vou a Salvador. (Porque "Volto de Salvador.")

Se quiserem dar mais uma lida, sugiro a vocês esta página, o texto aqui é bem bacana.
Qualquer dúvida que tiverem dentro deste assunto, deixem nos comentários ou mandem por e-mail que responderei logo que possível.
Espero ter ajudado!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Estrangeirismos e a influência internacional na Língua Portuguesa

Oi, gente.
Fiquei dias me perguntando qual poderia ser o primeiro assunto para tratar no blog. Por fim, decidi que não seria nada muito sério ainda, mas sim um assunto mais descontraído, mais a título de curiosidade do que de matéria propriamente dita.
Sempre achei muito interessante perceber estrangeirismos, principalmente quando os encontramos acidentalmente, após passar a vida acreditando que as palavras pertenciam mesmo ao nosso idioma. A sensação da descoberta é sempre engraçada, e passamos um tempo rindo de nós mesmos por nunca antes termos percebido isso.
A inspiração para escrever esse post foi justamente um desses momentos reveladores. Fui ao Burger King para lanchar e recebi uns cupons promocionais (creio que vocês já tenham visto alguns desse tipo). Em alguns deles, vinha escrito "Free Refill" (assim mesmo, com dois "L"), fazendo alusão ao refil grátis ao qual eu teria direito com aquele tal cupom. Minha primeira reação foi pensar: "eita, que erro eles terem deixado passar esses dois "L" em refil, hein...", mas logo pensei melhor. Se eles haviam escrito "free" antes disso, talvez estivessem sendo apenas coerentes e mantendo "refil" escrito em inglês. E esse pensamento teria extrema coerência, pois "re" é um prefixo latino que indica repetição (fazer alguma coisa novamente) e "fill", em inglês, significa encher. Ou seja, "refil" (ou, no inglês, "refill") seria, literalmente, reencher, encher novamente.
Agora, pensando melhor e lendo sobre estrangeirismos e idiotismos, não sei qual das duas classificações se adequaria melhor ao termo. Mas, como prometido, esta primeira postagem não entrará em profundas discussões gramaticais. Talvez, depois de ter iniciado a faculdade e debatido isso com algum professor, eu volte a tratar do tópico.

Aqui vai uma lista de mais alguns termos que pegamos emprestados de nossos amigos estrangeiros que você talvez nem desconfie (ou talvez já saiba sim, mas vou citar porque é legal):
Batom - bâton (francês) - bastão.
Blecaute - blackout (inglês) - apagão; ausência temporária de energia elétrica.
Blefe - bluff (inglês) - iludir; enganar propositadamente.
Codinome - code name (inglês) - palavra ou nome usado para se referir a outro nome.
Cuscuz - couscous (francês) - prato árabe originário do Magrebe.
Folclore - folklore (inglês) - literalmente, tradições do povo; sabedoria popular.
Gafe - gaffe (francês) - deslize; descuido.
Inteligência - intelligentzia (russo) - capacidade mental de raciocinar, aprender e compreender.
Nocaute - knock out (inglês) - golpe que derruba o oponente e o impossibilita de seguir a luta (pode também ser utilizado em sentido figurado).

Isso é tudo, pessoal. Até a próxima.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Prefácio

Olá, gente.
Meu nome é Yasmin, eu tenho 18 anos e sou futura estudante de Letras - Português/Inglês/Literaturas (a faculdade só começa no segundo semestre, sabe como é).
A ideia de fazer este blog surgiu no final do Ensino Médio, devido ao meu amor pela Língua Portuguesa e por explicar aquilo que eu sei (mesmo que eu não saiba muita coisa ainda). Assim sendo, cá estou eu, me preparando psicologicamente para compartilhar com vocês o meu pouco conhecimento sobre a nossa tão querida (ou nem tão querida assim) Língua Portuguesa.
Se vocês tiverem alguma dúvida, sintam-se à vontade para perguntar em comentários ou me mandar por e-mail (yasminbc16@gmail.com), e eu farei o possível para responder. Todas as vezes que eu não souber utilizar das minhas próprias palavras para isso, buscarei na internet, em gramáticas e perguntarei a professores. Podem ter certeza que me esforçarei para ajudar cada um de vocês.

Isso é tudo, pessoal.
Beijos da Meens.