domingo, 23 de março de 2014

Crase e a dificuldade que na verdade nem existe

Olá!
Passei uma semana protelando, mas finalmente venho aqui, desta vez para falar sobre o uso da tão odiada crase.
Primeiramente, gostaria de dizer que, ao contrário do que todos pensam, não é tão difícil assim saber as ocasiões em que se deve empregá-la. Na verdade, o caso geral é bem fácil, e partindo dele você já é capaz de acertar 99% das vezes. Só se torna mais difícil de saber quando é em uma expressão específica, mas também não é o fim do mundo.

Crase é uma palavra grega que significa "fusão", o que já explica de que se trata o fenômeno, que nada mais é do que a junção de duas vogais idênticas em uma só. Esse fenômeno é marcado pelo uso do acento grave ( ` ), erradamente chamado de crase. Então, lembre-se disto: crase é o nome do fenômeno; o acento utilizado se chama acento grave.
A crase ocorre quando a preposição "a" é sucedida por outro "a", podendo ser este um artigo definido, um pronome demonstrativo (caso você não soubesse que isso era possível, leia aqui), a letra inicial de pronomes demonstrativos, como ocorre em "aquele (s)", "aquela (s)", "aquilo", ou a letra inicial do pronome relativo "a (s) qual (is)".
A regra diz que, para saber aplicar corretamente esse fenômeno, é necessário conhecer a regência verbal e nominal, para que se saiba exatamente quando há e quando não há o uso da preposição "a". Mas há uma forma bem prática de verificar isso, sem passar a vida tentando decorar todos os verbos que são transitivos indiretos, e, dentre esses, quais exigem o uso de tal preposição. Veja:

Cheguei ao apartamento de Maria.

No caso acima, temos "apartamento", que é um substantivo masculino. E, acompanhando o verbo "chegar", temos a preposição "a" e o artigo definido masculino "o". O que acontece aqui é o mesmo que acontece no fenômeno da crase, mas, como são duas letras diferentes, elas são unidas, formando uma só palavra ("ao"). Agora veja:

Cheguei à casa de Maria.

Diferentemente do caso anterior, agora temos o substantivo feminino "casa". Assim sendo, a união é feita entre a preposição "a" e o artigo "a", como marca o acento grave. Se não houvesse a crase, a frase ficaria: "Cheguei a a casa de Maria", fazendo uma repetição desnecessária.
Agora tomemos outro caso como exemplo:

Conheço o aluno que entrou em sala agora.

Nesse caso, "conhecer", que é um verbo transitivo direto, não pede a preposição acompanhando-o. Assim sendo, ao passar para o feminino, a frase seria:

Conheço a aluna que entrou em sala agora.

Assim mesmo, só o artigo, sem a preposição (logo, sem o acento grave).
Essa dica de mudar do feminino para o masculino já resolve boa parte das dúvidas quanto ao uso ou não uso do acento grave. Porém, há um outro caso que gera inúmeras dúvidas: quando se trata de um lugar, devo ou não usar o acento grave? Para essa dúvida, aprendi uma regrinha boba em 2007 lendo uma dessas revistas pré-adolescentes (e quem disse que elas não podem ser úteis de vez em quando?) e que uso até hoje. A regrinha consiste em:

"Se vou à e volto da, então crase há.
 Se vou a e volto de, crase pra quê?"

Assim sendo:

Vou à Bahia. (Porque "Volto da Bahia.")
Vou a Salvador. (Porque "Volto de Salvador.")

Se quiserem dar mais uma lida, sugiro a vocês esta página, o texto aqui é bem bacana.
Qualquer dúvida que tiverem dentro deste assunto, deixem nos comentários ou mandem por e-mail que responderei logo que possível.
Espero ter ajudado!

7 comentários:

  1. Essa postagem está bem didática, ótima para servir de consulta.
    Claro que já coloquei nos favoritos.

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    1. Fico muito feliz que tenha achado isso, vó! Espero que todas fiquem igualmente didáticas.

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  2. Nossa, sério, adorei o texto, aprendi algumas coisas que, mesmo sendo relativamente boa em português, não sabia. Parabéns pelo blog!

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    1. Muito obrigada! Fico contentíssima por saber que ajudei. Precisando de qualquer coisa, pode falar comigo.

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  3. O texto está excelente!
    Parabéns, Yasmin.

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